Para coordenar o debate “Protagonismo Juvenil”, realizado na última sexta-feira (28) pelo Instituto Marista de Solidariedade (IMS) e Instituto Marista de Assistência Social (IMAS) no Chá com Prosa: Direitos Humanos em Pauta, foram convidados Agata Sales, fundadora e integrante do Fórum dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Sebastião (DF), com 16 anos, e Weberson Nascimento, técnico em audiovisual, de 19 anos, atualmente elaborando uma campanha publicitária em prol do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e envolvido nas lutas pela defesa dos direitos infanto-juvenis.
O evento recebeu cerca de 30 pessoas, a maioria formada por adolescentes e jovens. Entidades que trabalham com meninos e meninas também compareceram, como os representantes da Obra Social Nossa Senhora de Fátima, Associação Cristã de Moços (ACM), Aldeias Infantis e Cáritas Brasileira. Estudantes do Centro Marista Circuito Jovem, do CESAM Centro Juvenil Dom Bosco e CESAM DF deixaram o debate acalorado, com perguntas, comentários de suas experiências e sugestões.
Agata apresentou um vídeo sobre as atividades do Fórum DCA São Sebastião, explicando o trabalho realizado na entidade, a dinâmica das reuniões e as atividades experimentadas pelo grupo, além de elucidar sobre os interesses dos meninos e meninas que lá estão. “A gente fala sobe o ECA, nossos direitos e nossos deveres, sobre Aprendizagem, sobre como se portar em uma entrevista de trabalho, discutimos os problemas da comunidade, pensamos como ajudar a resolver e muitas outras coisas”, disse a adolescente.
Questionada sobre o interesse e a participação dos colegas, Agata garantiu que a semente está sendo plantada. “Se der a oportunidade, os adolescentes participam do Fórum seja falando, seja organizando, recebendo os participantes, distribuindo as tarefas. Todos acabam se envolvendo. Tem adulto que diz que somos novos pra participar das discussões, mas existem muitas pessoas, ainda muito jovens, que já estão envolvidas no crime, por exemplo”, desabafou.
O jovem Weberson Nascimento, em sua fala, discorreu sobre as dificuldades enfrentadas pelo pioneirismo. “Fui um dos primeiros garotos a participar dos espaços de direitos no Distrito Federal, onde os adolescentes não tinham a chance de ouvir e muito menos de falar”, relembrou. “Comecei a me envolver nisso tudo pela vontade de querer mudar as coisas que eu achava que estavam erradas. Hoje sou um protagonista. Jovem se torna protagonista quando percebe que ele não vive o que ele deve viver”, defendeu.
Criado na Ceilândia, cidade que, na época de sua infância, era uma das mais perigosas do Distrito Federal, Weberson disse que, da turma que conheceu, apenas ele e mais outro colega decidiram estudar. “O resto da turma foi dizimado. Quem não está preso, está morto. E de quem é a falha por uma criança se tornar um bandido? É da falta de escola, da falta de saúde, das próprias músicas que a gente escuta, das brincadeiras que fazemos com os colegas. É dos professores que se fazem de cegos, surdos e mudos, da direção que ignora o tráfico de drogas dentro dos colégios, é do preconceito de quem deveria estar me protegendo nas ruas… E até onde isso tudo não entra na minha casa, eu aceito”, sustentou Weberson.
A coordenadora do IMS, Shirlei Silva, compartilhou sua experiência de participação em movimentos sociais, além de parabenizar a mobilização da juventude presente. “Sou a favor da formação e do fortalecimento de comunidades organizadas por pessoas da rua, do bairro, do prédio. São nesses espaços que a gente tem poder de definição e é neles que devemos começar”, sugeriu.
A adolescente Talita Oliveira, presente no Chá com Prosa, também lembrou que o protagonismo começa nas nossas casas. “Não adianta você participar desses espaços de debates falando sobre seus direitos e deveres sem respeitar a sua própria família. O respeito começa no relacionamento com os nossos pais, irmãos, colegas de escola…”, reforçou.